domingo, 15 de agosto de 2010

O GOVERNO FRATERNO

O "poder" se origina no conjunto dos irmãos
Efetivamente, num governo fraterno, não somente a autoridade emana do conjunto dos irmãos mas, ao exercê-la, o conjunto participa plenamente nesse exercício. E isso precisamente porque se trata de uma sociedade fraterna, e para que haja fraternidade é indispensável a igualdade real.
Santa Clara deu às contemplativas franciscanas um governo fraterno, numa época autoritária. É incrível que, estando marcada durante anos pela Regra cistenciense de Hugolino, e tendo vivido no âmbito de uma instituição monástica, aquela mulher foi tão revolucionária no conceito e uso da autoridade que, ainda hoje em dia, é tida como progressista. Sua Regra assesta golpes mortais no conceito "venerado" de autoridade.
Vejamos, pelo menos um pouco, como a irmã Clara projeta um governo fraterno, e como deposita o "poder" nas mãos do conjunto das irmãs:
        - "elejam-se de comum consentimento de todas as irmãs, todas as oficiais do mosteiro" (Regra 4)
        - "as irmãs possam também destituir alguma vez de seus cargos as oficiais e discretas, e eleger outras em seu lugar" (ibidem)
É uma cláusula audaciosa e revolucionária, inclusive para nossos dias.
Dirão que hoje em dia não se poderia exercer este direito, por falta de maturidade. Nisso há um circulo vicioso: porque não há maturidade, não se tratam as irmãs como adultas, e nunca chegam a ser adultas porque não se tratam como tais.
            "porque muitas vezes o Senhor revela à menor o que é melhor" (Regra4)
Inácio Larrañaga

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